sábado, 1 de agosto de 2009
A doçura secreta do antagonista
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Love me tender
"Love me tender
Love me sweet
Never let me go
You have made
My life complete
And I love you so"
Seu amor não estava mais lá para me proteger. Acontecesse o que acontecesse, eu sabia, seu amor estava lá. Forte e imutável. Me fazendo seguir meu caminho, forte e imutável. Agora, sem seu amor, eu teria que ser forte por mim mesma. Então eu tive que crescer e desse crescimento eu me transformei numa mulher. De todas as coisas boas que você fez por mim, deixar de me amar foi a que mais me fez bem. Agora sou livre para errar, para me insubordinar, para transformar radicalmente meus conceitos. Não ser mais amada me liberta para ser uma pessoa pior. E sendo essa pessoa que você não gostaria que eu fosse, eu cresço e me fortaleço. Vou errar, vou sofrer, vou crescer, e quando eu estiver pronta, sei que você vai me amar outra vez.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Na areia branca existem piolas
- Para a praia.
Amanhece no Centro Histórico. Decido ver esse sol terminar de nascer na praia. Tiro minhas plataformas douradas. Termino de soltar meu cabelo duro de laquê. Limpo o resto de maquiagem que ainda tenho no rosto. O cansaço e o delineador preto aumentam minha cara de cansaço, de velhice, de doença. Estou doente. Desço do táxi. Na praia só a galera “saúde”. Caminhando, correndo, se alongando, enfiados em cotons se exercitando de cinco da matina. Quando voltarem para casa vão tomar iogurte com fibras e ricota fresca, aposto que vão. Assim que eu vir mais esse dia amanhecer voltarei para minha casa e tomarei um café, vou comer um resto de arroz frio e dormir até as cinco da tarde. Sento na areia, um cheirinho de frio, de mar, de sal. O mar tem esse cheiro de manhã cedo, sal frio. Quanta saúde, quanta vitalidade, quanta coisa que eu não sou. Me senti subitamente deslocada, eu era uma mancha na areia branca da praia da “geração-saúde”. Fedendo a cigarro, a bebida, a perfume, a suor, a insônia. Quer saber? Deito na areia e ela cola no meu laquê poderoso. Tiro um cigarro e fico esperando a merda do amanhecer terminar. Quando o apago na areia fico com remorso. A praia parece tão pura esta manhã! Desencavo o toco de cigarro, mas percebo que não é a marca do meu cigarro, era outro toco enfiado na areia. Percebo as garrafas, os saquinhos de pipoca, as tampinhas, os cocos, as camisinhas. Olho para a galera da malhação na calçadinha, era como se eu soubesse um segredo deles. Volto a me deitar na areia, me sentindo em casa, e apago todos os meus tocos de cigarro na areia. A praia está suja. Eu também.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Eu queria dias de sol, mas veio a chuva e eu gostei
- Não, é o vento nos coqueiros.
- Ainda bem, já imaginou se fosse chuva? Como eu ia voltar para casa?
- Ah, você ficava por aqui mesmo... Até a chuva passar...
- Eu poderia?
- Claro!Você sabe que poderia ficar.
- Pena.
- Por quê?
- Queria que estivesse chovendo.
E então choveu a tarde toda, lavando certezas.
E então eu já não sabia se era chuva ou só o vento dos coqueiros.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Eu sou meu próprio Zidler
- The show must go on.
Sorri para a minha imagem cansada no espelho. Não chorei por você, chorava por mim e mais uma constatação da minha vida. A mesma coisa, sempre a mesma resposta, chorei por causa da rotina. Senti como se eu jamais fosse um destino, um porto. Eles vêm, sugam minha alegria, meu calor, usam meu corpo e partem. Partem procurando seu destino. Sou uma passagem. Deixam-me para trás, eu que me reconstrua sozinha. Não tenha mais tristeza para dizer isso. Só resignação. Talvez eu não tenha sido feita para ser amada. Talvez eu tivesse que ser feliz assim, refazendo os corações dos pobres amantes e deixando-os partir.
- The show must go on.
Então vou me pintando, sorrindo, vendo mais um dia chegando. Mais um dia. Minha maquiagem pode estar borrada, mas meu sorriso ainda é o mesmo. Não era assim? Me olho pela última vez no espelho. Estou cansada, mas esse novo dia é uma nova promessa. Novas promessas não cumpridas. Novas pessoas que tentarão me iludir. Triste constatação, amantes presos na idéia fixa de romance, mesmo onde não há. Hollywood fez um grande estrago nessas cabecinhas jovens. Não me dou tempo para sofrer, refaço egos e reconstruo ilusões. Por que não poderia fazer isso a mim mesma? Eu sei que sou boa nisso.
- The show must go on.
domingo, 4 de janeiro de 2009
Sempre terei Solânea
(Texto antigo, na época eu tinha 17, o que me faz pensar: SOU UMA VELHA!)